sábado, 27 de setembro de 2008

A tomada

Quinto dia 25 de setembro de 2008

Hoje acordei com duas grandes disposições... Estudar francês e comprar um adaptador para ligar meu computador... Tomei café até que cedo pros meus padrões... Os empregados aqui do Hostel, da cozinha, assim como quase todos os empregados de cozinha daqui... são latinos... Perguntei a eles onde poderia comprar a tomada e eu já tinha desconfiança de onde era.... O moço do café parece o Fear do Maná... (só que em versão imigrante em Genebra...). A tomada...
Quando entrei... tinha um corredor com muitas lojas... vi o primeiro restaurante serve-serve... COMIDA QUENTE!!!!! Um mercado.... Gente! Aqui tem uns pratos prontos... eu naum sei como se faz pra comer aquiii... pra naum pagar um mico muito grande vou ficar observando... e quando entender o esquema dos pratos venho comer no serve-serve... Fui para o MAC.... Hummmm!!!!! Foi o melhor sanduíche que já comi... Comida e plugada voltei pra casa... Estudei mais... No final da tarde, fiquei tentando me conectar pelo meu computador e nada... Vou tentar rezar pro São Jefferson das conexões impossíveis!!! (Jef, aquela frase do seu MSN... naum combina com você!!!!) Comecei a ler os textos e tem um em inglês... É da língua que nos constituímos e constituímos o mundo... Sem conexão...
É hora de ligar pra señora Rodriguez... São Pereira dos Apartamentos... valei-me!!!! UHHHHHHH!!!!!!!!! Vou ter um quarto só pra mim... Ela aceitou...
Valeu comprar o adaptador...


Beijos

Janaína


A senhora Rodriguez e meu cachecol...

Quarto dia 24 de setembro de 2008


Perdi o café...
Passei logo no Hostel aqui perto... Consegui vaga pra mais uma semana... Fiz logo a reserva... Parece que aqui tem gente do mundo inteiro... O que movimenta esta cidadela são os jovens e os poderosos. Acho que na cidade a mais “foyer” que casa... E quando não há foyer... O dono da casa logo trará de querer alugar um quarto... Quando olhei as ofertas de quartos, muitas me chamaram a atenção... era gay, querendo mulher sem preconceito, era mulher gay querendo dividir quarto com outra, e senhorinhas genebrinas dispostas a novas experiências...!!!! Justo eu que não tenho preconceito... Comecei pelas gays... Mas antes resolvi passar escritório da universidade para pegar lá alguns endereços. Tinha um quarto muito bom... e o contato era a Senhora Rodriguez... Com o endereço em mãos fui até ela... O prédio era bem limpo e silencioso... Gostei... Quem abriu a porta pra mim foi uma herodinha de uns 7 anos... Ainda bem que a Beth disse pra eu trazer um retrato do Herodes... Trouxe o dele, o que ganhei junto com Clarice e um de Tiradentes (bem grande!!!)... Fiquei na dúvida qual mostraria pra herodinha... Então sorri. Ela me sorriu meio amarelo também.
Eis que surge Rodriguez... Conversamos em francês e ela no meio perguntou se eu falava espanhol... Ufa...... Ela me mostrou o quarto e o lavabo... Gostei de tudo...Mais ainda da sensação de família. Mas ela só queria alugar pra muito tempo... Saí triste... Andei por essas ruas... por instantes... sem ao menos sentir frio... Perdi meu cachecol mais bonito... Ainda bem que o Helder me deu dois... Vão-se os cachecóis, ficam... os ventos gelados!!!! E mais nada... Tomara que fiquem os anéis...
Passei em dois hotéis que a Janice me indicou... Num há vagas... caro pra c... Aqui nos Hostels a gente só pode ficar sete dias por mês... Pensei... vou fazendo uma peregrinação... e quando não tiver mais Hostel, fico uns dias no Hotel... e tá tudo certo... Fui para o gabinete do Antoine... Lá não tinha lugar pra ligar meu computador... Essas p. de tomadas!!!! Minhas tomadas não encaixam... e quando encaixam queimam a p. do meu modelador...
Tô palavrenta... NE???? Peguei a chave com a Eva. Lá estavam a Cecília, uma outra que não entendi o nome.... e Tea... que é linda... É croata mais fala e anda como uma francesinha... Ela trabalha com prosódia e me disse que meu trabalho é muito difícil... Mal sabe ela que difícil mesmo foi entendê-la e comer aqui nesse país... Ela foi tão acolhedora, mais que a Eva... Já a Cecília... é super na-dela... Que medo!!!
Quando a Cecília foi embora, fiquei puxando papo com a Tea... só pra dá conta de perguntar onde eu podia comprar um modelador!!!! Ela foi tão gentil... Ela me acompanhou... até a loja... me esperou... Fofa!!! Quando nos despedimos ela perguntou se eu sabia voltar pra casa... (CASA???) Disse que sim. Eu tive vontade de abraçá-la... O único contado físico por aqui foi quando vi Antoine... Ele ficou meio duro... mas retribuiu o abraço.
Quando tava voltando resolvi parar numa cabine telefônica pra conhecer.... MENTIRA.... Fiquei lá dentro treinando meu espanhol pra ligar pra madame Rodriguez, rezei uma oração pro santo MAURÏCIO dos sem-teto genebrinos. Voilá!!! Ofereci pra doña nada mais, nada menos que 50 por cento em cada aluguel... Não a vi, mas ela cresceu os olhos... E diz que havia uma moça procurando quarto por um ano e que conversaria com ela, mas pediu pra eu voltar ligação... amanhã depois da cinco...
Estava com muita fome!!! Fome de comida quente... É tudo muito caro pra nóís bolsistas FAPEMIG... Entrei no MAC... HUMMMMMM. Asinha de frango... quente!!!
Deitei e dormi até às 20h e depois falei com Carla, papai e mamãe. Foi bom...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O trânsito

Terceiro dia 23 de setembro de 2008


A primeira coisa que eu quis testar aqui era se a gente pisasse na faixa de pedestre... os carros paravam... Num é que isso acontece mesmo...
E quando o sinal tá vermelho ninguém atravessa, mesmo que não venha carro nenhum... Quem atravessa... pode ver que naum é daqui...
Eu naum atravessei... juro...
Aqui tem um tempo pra troca de sinal... aí... nem carro, nem gente anda.... Ê povo besta esse... parece que eles naum têm pressa.
As ruas têm lugar pros trens, pras bicicletas, pros carros e pras gentes... Ê povo besta, sô... Eles não sabem o que é um baião de dois...
A cidade é pequena, dizem... Mas pra mim é o mundo...
Os carros não fazem barulho naum... Eu só ouvi ambulância uma vez...
Esse povo é tão besta que nem nunca deve ter atropelamento... Aposto que a ambulância era pra algum turista... ou estudante uó...
Silêncio... Paradeza...
As pessoas aqui num namoram naum... Todo mundo anda com aquela cara amarela de 5 meses sem um orgasmo.
Vi só um casal de mão dada na volta pra casa.
Hoje conheci a universidade... É belíssima... parece um castelo, mas o departamento de lingüística é tão massa que tem um prédio próprio que naum é castelo... Também os lingüistas naum tão aí pra trabalha em castelo uó.
Auchlin... se emocionou com a pinga... Conheci uns feras lá do departamento...
Gostei mesmo foi da Eva Capitão... A secretária... ao contrário da Geralda... ela é tudo de bom... E atá fala português. Foi produtiva a conversa com Auchlin... E ele disse que em dezembro tenho que apresentar um seminário... Putz... Ele me deu uma chave para usar o computador e a internet... num agüento mais... ficá sem mandá e-mail... É que eles tão gravados e as porra dos computadores daqui naum recebem La clé USB. Além disso, eles não têm a arroba @@@@@... O que custa tê o símbolo pra ajuda os Mané que vêm pra cá sem falá francês e sem sabê mexê na internet. Por que naum tem arroba no teclado daqui??? Me respondam... E por falar nisso... O que que eu tô fazendo aqui???
Andei muito tentando achar um outro lugar pra ficá.... tá difícil...
Aí conheci uns brasileiros aqui... uns bobocos... A menina começou uma frase... Assim... os pobres do Brasil são... gente!!!! Nós somos o que mesmo... Ela, rica do Brasil está em férias pela Europa!!! E os outros, os pobres, tão passando vergonha porque vão pra Genebra financiados pelo estado de Minas Gerais e infelizmente naum podem comer fundi genebrino com uma chata como ela. Os moço são até legais... principalmente o gay... Com ele até comia a p. do fundi. Ele me disseram da dificuldade de encontrar lugar pra ficá... Fiquei com um medinho... Amanhã saio cedo pra vê isso... E tem também uma defesa pra ir a convite do super Auchilin... Depois falo dele e dos Bastions...
A internet naum funciona... e o trânsito... esse ta mais silencioso que eu...

A chegada em Genebra 22/09/2008

Segundo dia 22 de setembro de 2008

Bem que minha orientadora falô... ficá tanto tempo em avião dá uma confusão na cabeça... O Pior foi a comida... Eu até analisei o discurso dessa TAP... Quanto mais comida, menos o povo reclama... Só pode...
Foi uma viagem péssima....
Mas ver os Alpes do avião....uuhhhh
Aí o comandante disse: Daqui a 18 minutos pousaremos em Genebra...
Aí chorei de novo... Minha mão ficó fria e suando como nunca... Aí tudo já era francês e alemão... O polícia pediu o passaporte... Eu dei e tirei todos os meu documentos... da pasta... Ele não quis nenhum... Gente!... Eu falei com ele... E já comecei falando que não falava a língua dele... E ele entendeu tudo... Indicou o portão... E eu fiquei com a pasta na mão doida pra mostra pra alguém...E por um minutinho eu quis que ele tivesse dito que era pra eu voltar pra casa e largá de invencionice... Ainda bem Heldinho, que ele não conhece essa palavra... Fui pegá a mala... Puxa... Só de ver a mala vindo e tudo que ela tinha de meu...me aqueci... A temperatura é de 12 graus, mas o sol é quente... Venta muito... Peguei a mala, ela (mala) é o que eu sou aqui em Genebra.... E saí... Sem mostrá minha pasta... Sentei na frente do caixa eletrônico e fiquei vendo uns três mexê... Aí disse o segundo palavrão de Genebra... O Primeiro foi quando desci do avião... Puta que pariu!!!!. Resolvi fechar minha cota de palavrão... por hoje... Pequei o táxi mais massa... saí Genebra a dentro....
Como não achei... lugar lá em baixo pra ligar meu computador, resolvi me deitar às 8h e ficar escrevendo e praquela japonesa que só fala inglês comigo percebê que eu vim pra Genebra pra falá francês... A moça que atende agente também fica falano em inglês... Já resolvi que vou fazer uma camisa... “Só fale comigo em francês... ou português”...
Saí de tardinha pra vê lago... Ummmmm!!!! Tinha o povo protestando contra os americanos... Deu uma vontade de entrar.... Mas por enquanto...
Me retirei silenciosa...







A Partida

Primeiro dia 21 de setembro de 2008.

Lisboa – 21/09/2008

A partida

Mesmo falando de todos os meus medos pra todo mundo, só eu sabia que passar pelo check-in e pela Polícia Federal sem me esquecer de nenhum documento seria uma grande vitória... Acho que minha “fama” de distraída muitas vezes parece charme, mas só a gente sabe “as dores e as delícias de sermos o que somos”...
Deixar o papai, a Carla, a Beth e o Helder (todos) com um choro preso... só não foi mais difícil que ter que jogar no lixo minha pasta de dentes e o meu enxagüante bucal...
Será mesmo que quem quer explodir um avião depois do 11 de setembro vai mesmo usar um tubo de pasta de dentes ou um desodorante...
Bom...
Lá foram eles para o lixo e lá ficaram os meus... de olhos vermelhos num silêncio... Eu sabia que também estaria entrando num mundo de silêncio... em que eu teria de reaprender coisas simples sobre a linguagem... Teria que Lembrar Jacobson... Vô lá no túmulo do Saussure... Já decidi...
Não entrei em paranóia..., pois quando vi o avião me senti meio que em casa... O meu avião se chamava... Padre Antônio Vieira... Aí entendi... algumas coisas...
No avião a gente pôde ir seguindo toda a viagem ponto a ponto... E mesmo “o moço tudo de bom” do meu lado querendo me ensinar a mexer com tudo... Fiz silêncio... Eu fiz silêncio em protesto... E falei o meu primeiro palavrão da viagem... “Vai tomá no Padre Antônio Vieira...”, mas falei baixo com medo do padre se zangar... disso ser uma heresia e eu ser castigada no avião mesmo e levar toda aquela gente comigo...
Pobre é foda... Foi o segundo palavrão... Passava de vez em quando...um filme mostrando a primeira classe com todos deitados com coberta... E nóis lá... com o pescoço duro, cuns pé dueno, sem poder respirar fundo porque senão acorda o vizinho...
Mas tudo foi uma grande novidade...
Ah mãe... A bota não apertou... O que apertou foi ficá... mais de nove horas cumendo e bebendo... sem ir ao banheiro com medo de pagá algum mico... Bom, tenho trabalhado comigo mesma... que ninguém me conhece... É só apertar... o foda-se... Mais quem ficou f. foi eu...
O bom mesmo era acordar de quando em quando sufocada pelo perfume do “cachecol” mais perfumado do mundo (gente eu nunca escrevi a palavra cachecol). No “sufoco” eu falava... baixinho... Je t’adore!!!...
No aeroporto de Lisboa, eu vi um cara conhecido... Ah gente... A coisa mais boa do mundo é vir pra Europa escutando o Português... Acho que o Português podia ser a língua oficial no mundo, de menos em Genebra...