quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A Partida

Primeiro dia 21 de setembro de 2008.

Lisboa – 21/09/2008

A partida

Mesmo falando de todos os meus medos pra todo mundo, só eu sabia que passar pelo check-in e pela Polícia Federal sem me esquecer de nenhum documento seria uma grande vitória... Acho que minha “fama” de distraída muitas vezes parece charme, mas só a gente sabe “as dores e as delícias de sermos o que somos”...
Deixar o papai, a Carla, a Beth e o Helder (todos) com um choro preso... só não foi mais difícil que ter que jogar no lixo minha pasta de dentes e o meu enxagüante bucal...
Será mesmo que quem quer explodir um avião depois do 11 de setembro vai mesmo usar um tubo de pasta de dentes ou um desodorante...
Bom...
Lá foram eles para o lixo e lá ficaram os meus... de olhos vermelhos num silêncio... Eu sabia que também estaria entrando num mundo de silêncio... em que eu teria de reaprender coisas simples sobre a linguagem... Teria que Lembrar Jacobson... Vô lá no túmulo do Saussure... Já decidi...
Não entrei em paranóia..., pois quando vi o avião me senti meio que em casa... O meu avião se chamava... Padre Antônio Vieira... Aí entendi... algumas coisas...
No avião a gente pôde ir seguindo toda a viagem ponto a ponto... E mesmo “o moço tudo de bom” do meu lado querendo me ensinar a mexer com tudo... Fiz silêncio... Eu fiz silêncio em protesto... E falei o meu primeiro palavrão da viagem... “Vai tomá no Padre Antônio Vieira...”, mas falei baixo com medo do padre se zangar... disso ser uma heresia e eu ser castigada no avião mesmo e levar toda aquela gente comigo...
Pobre é foda... Foi o segundo palavrão... Passava de vez em quando...um filme mostrando a primeira classe com todos deitados com coberta... E nóis lá... com o pescoço duro, cuns pé dueno, sem poder respirar fundo porque senão acorda o vizinho...
Mas tudo foi uma grande novidade...
Ah mãe... A bota não apertou... O que apertou foi ficá... mais de nove horas cumendo e bebendo... sem ir ao banheiro com medo de pagá algum mico... Bom, tenho trabalhado comigo mesma... que ninguém me conhece... É só apertar... o foda-se... Mais quem ficou f. foi eu...
O bom mesmo era acordar de quando em quando sufocada pelo perfume do “cachecol” mais perfumado do mundo (gente eu nunca escrevi a palavra cachecol). No “sufoco” eu falava... baixinho... Je t’adore!!!...
No aeroporto de Lisboa, eu vi um cara conhecido... Ah gente... A coisa mais boa do mundo é vir pra Europa escutando o Português... Acho que o Português podia ser a língua oficial no mundo, de menos em Genebra...






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