Quadragésimo sétimo dia 07 de novembro de 2008.
Eu gosto de todos os dias de novembro. Acho que as pessoas de novembro trazem uma certa alegria, uma certa animação, acho que em termos zodíacos até uma certa paixão. Você nunca encontra um escorpiano que naum esteja apaixonado pro alguém ou por alguma coisa... Assim somos nós... Assim é a dona Carla. Que hoje já é uma mulher e eu teimo em querer ver nela sempre a menininha que ficava na gaveta... Ela sempre foi absoluta... Sempre teve algo ou alguém com quem ela se apaixonasse...
Queria que ela estudasse, ela naum estuda... Aqui em Genebra, eu vejo mais que sempre como é importante conhecer línguas, costumes, aprender... A Carla com o jeito dela podia conquistar o mundo, se ela quisesse... Acho que as meninas de Genebra parecem com ela... tem tatuagem... e tudo... tem o cabelo mais vermelho do mundo... só naum tem os peichugões dela... E ela lá... Mas cada escorpiano escolhe seu caminho... e eu respeito muito as escolhas dela. Adoro quando ela me apresenta músicas novas, quando ela fala de alguma coisa dela... eu naum sou muito conversada... em casa... tenho silêncios intermináveis... e isso é meio ritualístico em família... a gente vai entendendo os códigos... Mas muitas vezes morro de inveja das amigas dela que sabem dela muito mais do que eu possa imaginar... Mas, são papéis... Só sei que eu queria que ela estudasse...
Novembro é um mês sonoro... Saí cantando pela rua...A Rosa... pra tentar perceber alguma coisa que o fofo mandou... Mas A Rosa é foda... Liguei para o meu cavaleiro... no meio da minha manhã falamos das petites choses qu'on fait sans y penser... rimos um pouco da nova língua que seu estou aprendendo... estou fera no alemão...
Os sinos tocam aqui... é o sinal... o cartão vai acabar... Naum gosto do posto telefônico, mas nas sextas pela manhã, ele fica vazio... e eu posso rir alto... a voz grave que ouço me faz achar que tudo vale a pena, até mesmo a solidão de Genebra...
Saí mais passeando, embalada pelos í tônicos da voz do meu non amour... Quando vou chegando perto do som da ponte... fico esperando ouvir uma nota que seja...
Ele gosta muito das canções americanas... outro dia, na chuva ele tava tocando a música do dançando na chuva... isso que me seduz na música desse homem... essa alegria que ele passa pra gente... mesmo chovendo...
Fui chegando, chegando e falei que eu gostava muito de ouvir a música dele e que a música dele era uma alegria só... ele agradeceu....
Ele naum toca pra deixar as pessoas felizes naum... ele toca pra viver... Ele fala francês pior que eu... Ele me lembrou Chapplin, naum sei nem o porquê... Pedi pra tirar uma foto com ele... ele achou estranho, mas disse sim... e quando eu fui tirar a foto... ele disse tem que ser tocando pra vc lembrar da música... Ainda bem... achei que era mesmo só pelo dinheiro... Fiquei em dúvida se deixava dinheiro ou naum pra ele... eu naum queria naum... No que eu me levantei, ele viu a água que eu levava na mochila e me pediu... Ainda bem... dei a água... e naum esmola... Acho que ele não nasceu em novembro...
Tem um olhar perdido... triste até
Continuei ponte a dentro... sem escutá-lo... quando já tava virando a esquina ele voltou a tocar...
Na faculdade, resolvi ficar mudando de biblioteca todos os dias... mas a que eu gosto mais é a de Filosofia e Teologia... Tem uns moços lá que parecem o Mau antes de sair comigo uma vez.... tem umas moças que devem ter cabelo no saco... tem um povo diferente... Naum tem o japonês que cochila lá da biblioteca de línguas... naum tem a moça do cabelo mais engraçado de Genebra da biblioteca de lingüística, nem tem o atendente que parece peça do mobiliário da bge... mas a teologia e filosofia tem gentes... e tem a moça que parece com fê, que fica me olhando de rabo de olho quando eu demoro pra ir embora...
Falei com a mãe, com a Carla, e com a Gagaça...
Esta sexta foi diferente das outras... O café foi meu único companheiro no final da tarde. E quando voltei na ponte tinha um outro homem e seu violino... Este sim parece que nasceu em novembro.... mas pra ele eu naum daria uma orquídea.
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