quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Pelada em Genebra



Quadragésimo terceiro dia 03 de novembro de 2008.

Agora são quase dez horas da noite... Eu devia tá fazendo o que falta da tarefa pra entregar amanhã... Mas não agüentei... Não consigo concertar mais hoje...
Estou cansada... Amanhã tem mais conversa com Antoine... Hoje naum deu tempo... Hoje foi o dia que acordei mais cedo... 7 horas a herodinha já tava mordendo a mãe dela. Cada um com os seus problemas, né! Resolvi naum sair de bota, nem de sapatilha... Sobrou meu sapatinho preto de saltinho... Eu acho um saco colocar salto... Acho que salto é pra andar de caro... Principalmente se vc for na rua XV. Aquele calçadão come o salto da gente tudo... E naum tem coisa mais deselegante que sapato com o salto roto. Tem! Homem cortando a própria unha do pé pelado... Ai meu deus!!!!!!
Minha dor no tendão naum deu trégua... aí me arrumei... Agora tô mais à vontade pra me vestir... antes ficava só de calça e casaco... o único enfeite era o grampinho no cabelo... Ah naum!!! Isso deprime a pessoa!!! Isso tava me deixando triste... até falei com a mãe!!! Que tava com saudade das minhas roupas, com lacinho, bordadinho, fitinha e frufru... Minhas roupas iam fazer o maior sucesso aqui... Acho que eu vivo no lugar errado... Meu estilo naum agrada muito aí, sabe?... Um dia me disseram do meu estilo Hypponga... Eu tomei isso como elogio... Claro! Outro dia, o Horácio deu nome pro meu estilo... diz ele que é estilo pequeno príncipe... O Cláudio naum pode me ver que pergunta se a roupa que eu to usando é da minha vô... O Jefferson adora dar apelido pros meus sapatos e pro meu cabelo... Titanic... nome de desenho japonês que eu naum sei escrever... Minha mãe diz que eu nau mudo anel no dedo certo... O Helder sempre fala que roupa bonita... mas que pra qualquer analista do discurso fajuto quer dizer o contrário.. Acho que meu guarda-roupa é mais suíço que brasileiro... Descobri... Pronto vou morar aqui agora... Vou piratear o prosograma e pagar pro jef vender no Brasil... Vou ficar rica por pagar salários baixíssimos pros meus orientados fazerem o serviço pesado de alinhamento do praat pra todas as línguas faladas e chamo o Chico pra vir morar comigo... e ir cantando pra mim... só pra cantar... Eu me recuso a ver o Chico pelado, ou peidando, ou tirando meleca do nariz...
Sei que aí comprei na promoção umas meias e umas echarpes que deram um up no meu visual... fiquei até mais alegre... eu andava na rua e parecia que as pessoas nem me viam direito... não que a gente precise ser visto... Mas é a nossa necessidade discursiva do outro... a gente se constrói em função dos olhos que nos vêem... Sei lá...
E aqui é assim como tudo é casaco... Meia, cachecol, echarpe, luva naum é acessório... É peça que faz a gente exercer a nossa subjetividade... E eu adoro essas coisas... Ser sujeito... Acho que estilo é isso... Vc ser sujeito no meio de todo mundo... Lá no Baronesa... os meninos tem de usar uniformes... nada totalmente contra... Mas o que eu fico reparando quando eles estão lendo, ou falando, ou me abordam... é o jeitim que ele acham pra mostrar que são diferentes, que são sujeitos únicos... E naum é pelo tênis mais caro, naum nem pela mochila mais cara... É pelo jeitim que cada um tem pra lidar com a uniformidade... Muitos até apelam pra bagunça só pra mostrar que é sujeito... Aí a gente tem de parar tudo e dizer que a gente pode ser sujeito sem atrapalhar o direito do outro... Essa lição é mais difícil que qualquer análise sintática... É mais difícil... Eu tento mostrar pra eles que a gente pode ser sujeito lendo... Trabalho difícil... e muitas muitas muitas vezes incompreendido.
Gente que é chique mesmo é chique até pelado. Aliás, a gente sabe se uma pessoa é chique se ela continua chique pelada... As lojas chiques Prada, Lui Viton ( ai meu deus é assim que escrever...) saum quase de morrer... nunca vi tanta coisa linda... Mas tem lojas mais pop com muita coisa massa... Se me soltassem aqui com dinheiro ai, ai, ai... Eu ia ser o sujeito mesmo Eni Orlandi do mundo... Odeio o sujeito assujeitado!!!!!!!!!!!!!
Quando tava pra sair de casa, pensei duas vezes... As duas últimas vezes que usei sapato de salto, foi complicado... uma foi no Quitandinha... e quando eu tava entrando meu salto agarrou no tapete... Heldim... me salvou… mas ele nem cuida dos meus micos... porque ele tem os dele pra cuidar... Outro foi no Hotel Grogotó... Eu toda de salto... entro e tomo a maior escorregada... Até o garçom riu... Heldim me salvou de novo... mas nem deve ter visto... se viu, esqueceu depois que chutou e quebrou o copo... Que feio!!!! Rodrigues!!!
Mas resolvi ir assim mesmo... com ou sem heldim... De salto em Genebra, Gente! Fiquei chique básica do mundo... Hoje todo mundo tava me olhando... eu conferi pra ver se naum tava com alguma coisa errada... Todo mundo me deu bom dia... Me senti uma genebrina autêntica... Me senti a Ida de Genebra... Na ponte dois moços me cumprimentaram... Salut!!! Na loja que eu fui... o povo me viu... Ou será que fui eu que os vi?
O salto hoje me fez muito bem... me fez mudar de perspectiva... Amanhã vai ser a prova dos nove... vou sair sem salto pra ver se as pessoas vão continuar a me olhar... Senaum der na quarta eu saio pelada...
De todas as formas acho que Genebra é meu número e ser sujeito aqui é pra lá de chique básico...

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