Quadragésimo oitavo dia 08 de novembro de 2008.
Ainda bem que estou fazendo os cursos de língua lá na unige.... e ainda bem que eles ficaram espalhados na semana... meço meus dias aqui pelas aulas... isso me ajuda a contar as horas... mas aqui o relógio está contra mim... Justo aqui na cite du temp... Quando estou estudando, a hora voa... Quando saio, vou pra casa... a hora custa a passar...
Aí resolvi ritualizar alguns momentos pra ajudar a entender o tempo aqui... E pra ver se desritualizo alguns pra me sentir menos só... Essa minha solidão é meio consentida... eu sei... Eu acho que ela é até salutar... Pois tenho escutado mais a mim... ao meu corpo, ao que eu não me digo em qualquer lugar perto das gentes!
Todo sábado vou pra bge... lá é lindo... a gente que vai todo sábado já até senta mais ou menos perto... Mas eu saí de casa com uma tristeza... com uma vontade de dividir... E naum é de falar com as pessoas que conheço aqui... É de falar e de dividir com os meus... Que graça conhecer a Europa e pedir pros outros que nunca vi tirar uma foto minha... que graça ver aquele cartaz do dedo médio em riste e naum rir junto com os meus...
Mas tem momentos que saum só nossos... E eu tenho feito um ritual pra me entender nesse meu momento.
Hoje...tudo que fui fazendo... foi só aumentando essa dorzinha aguda de ser... nem o e-mail me convidando para Paris... Nem a salada deliciosa que eu fiz e comi com um vinho no canto mais bonito do Promende Bastions... Nem a herodinha agarrada na árvore, nem o café delicioso das Portuguesas... Nem aquele doce de ovos... Nada. Só uma vontade de ir pra casa... de sentir o cheiro do Pontilhão, de andar pelos becos de Tiradentes de mãos dadas com meu cavaleiro sentido cheiro de dama-da-noite e morrer de rir dos fantasmas das fotos.
Cheguei a caminhar em direção ao ônibus... mas parei... lógico que naum vou trocar a passagem... agora... Parei de frente dos Bastions... e lembrei que o Helder os chamou de homens de pedra... e lembrei de um postal lindo dos homens de pedra com uma camada de gelo nas costas... Fiquei ali... Chorei um pouco... e como todo sábado passei pelo centro na feira também com minha camada de gelo nas costas...
Em casa, não consegui comer direito... como todo sábado tomei uma cerveja com batatas fritas, enquanto fiz minhas unhas... Como todo sábado fui falar com o Helder... Tava muito muito triste... chorei os primeiros cinco minutos... depois foi passando... ainda bem que ele me alegra, ainda bem que ele me renova... ainda bem que a gente tem nossos rituais de sábado...
Fui pra casa e rezei, juro... por muitas coisas... agradeci... por muitas coisas... escutei Pitty... terminei meu ritual mais Jô que nunca... ouvindo...
God bless you, you make me feel brand newFor God blessed me with you, you make me feel brand newI sing this song 'cause you, make me feel brand new
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