quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Barquinhos de papelão e a faxina






Trigésimo segundo dia 21 de outubro de 2008.



Finalmente consegui lavar minhas roupas!!! Passei aspirador de pó no quarto, lavei o cabelo, fiz compras, como toda quarta. Acabei com as comidas da semana passada, levei o lixo pra fora, lavei o meu banheiro... Foi uma sensação de arejamento...
A senhora Rodriguez, matriarca, é uma peça!!! Ela semana passada naum me deixou lavar a roupa... Fica dando palpite em como faço comida, em como arrumo minhas roupas...
Gente!!! Tem horas que conto até mil... Ela tem meio o jeitão da mamãe... Na casa delas as coisas andam segundo a jurisdição delas... O fato é que com a mamãe, eu vivi minha vida quase toda... E já consigo fazer ela entender que eu gosto de fazer as coisas quando eu quero e que não gosto que ninguém guarde minhas roupas, nem meus livros.
Já comecei a mostrar isso pra senhora Rodrigues... Mas ela é que nem eu, só entende o que quer... Mas eu gosto dela... A gente fica de papo, tem horas que ela naum me entende em espanhol, aí tenho que tentar falar em francês... A casa aqui é bilíngüe, mas já percebi que na hora de ver TV, comer e brigar... Elas preferem o espanhol... Que mierda!!!! Só a Mellani (a herodinha) que fala francês sempre, mas entende o espanhol, ela tem aulas em escolas daqui e espanholas, que naum são escolas de idioma só naum... É escola mesmo, é muito interessante... Ela está se alfabetizando em francês... E quando eu chego à noite e vou tomar café... fico ouvindo ela lendo... É tão lindo.... Outro dia levantei e fui lá babar... Quando ela conversa comigo ela fica corrigindo cada uma das minhas pronúncias...
Voltando a senhora Rodriguez... acho que ela também tá gostando de mim... hoje ela foi me ensinar a lavar roupa lá na lavanderia... Se cair um asteróide aqui... quem ta lavando roupa nem vê... fica vivinho... É igual naqueles filmes americanos que a lavanderia fica lá no subsolo e é comunitária...
Ela pediu a receita do meu pimentão recheado... Ela é tão solitária... não tem um rin, tem pressão alta e cuida de tudo por aqui... todos saem e ela fica aqui... Parece mesmo com a rotina da minha mãe... A rotina torna invisíveis pessoas fundamentais...
Saí para ir à faculdade e encontrei a Beth! Ela tava linda na loja... toda cheia de si. Lembrei que a Beth fica xingando que eu naum falo dela no meu diário... Que mentira... A Beth a Dona Arlete e a Nina são as únicas que já têm os presentes comprados... Na verdade, eu naum escolho falar ou naum. Vem a vontade de escrever e aí em escrevo. De uns eu falo, de outros eu calo e calar também é uma maneira de significar...
A Laudes também é outra que disse que eu só mando meu diário nos e-mails.... Gente!!!! Tudo tem de explicar... Esse diário é a maneira que encontrei de dividir com um grupo pequeno de pessoas lindas minhas coisas... Pensei que seria mais fácil que escrever um e-mail pra cada um... Mas a gente é assim... sempre quer mais... Então essa página de diário eu dedico a minhas duas grandes amigas... especiais a sua maneira, bravas a sua maneira, lindas a sua maneira, competentes a sua maneira, elegantes a sua maneiras, e “carentes” a sua maneira...
E por falar em limpeza, recebi um presente lindo do mundo inteiro em forma de poesia... Organizei as coisas nas minhas caixas depois dele. Será que eu consigo ficar sem pôr e tirar as coisas das caixas... Vou precisar de um tratamento de choque. Acho que só consigo isso... se jogar as caixas fora...
É dia de faxina.
E por falar em caixas... queria que o Helder respondesse a pergunta que eu fiz sobre meus livros... Já sei... Rodrigues que é, só faz e fala o que bem quer, a hora que bem quer também...
É bom dormir com cheirinho de limpo em volta...
Na volta deixei minhas caixas nas margens do LeMan... Quem sabe alguém não passe por lá faz delas barquinhos de papelão, né?

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