sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Cama, carnes e cheiro

Vigésimo dia 10 de outubro de 2008


Todas as páginas que estou escrevendo deste diário foram escritas mais por necessidade do que por qualquer outra coisa. Quero mostrar pra pessoas que amo o que os meus olhos estão vendo, como estou sentindo nessa grande viagem da minha vida. Grande por vários motivos que naum vou aqui... agora numerá-los. O fato é que escrever estava sendo um grande prazer... Estava funcionando como um momento de catarse... Sempre que chegava em casa..., cansada ou naum, queria escrever.. Pra contar, pra dizer... E só dormia depois de escrever... chorar, naum necessariamente nessa ordem... Quase sempre escrevo na cama... e depois o computador fica ligado pra iluminar meu quarto, já que eu naum me atrevo mais a ligar o abajur.
Mas escrever essa sexta naum foi possível na sexta. Foi um dia atípico... Sai cedo de casa, tinha que enviar o trabalho da Anne Grobet e queria passar na livraria da UniMeal pra comprar uma gramática de francês a pedido Madame Gonçalez e pra comprar os livros do Modelo. A livraria é enorme... E quando eu tava entrando uma senhora tava saindo com um quente dois fervendo sei lá porque... Entender francês len-ta-men-te é uma coisa... Entender xingação saum outros quinhentos francos. Encontrei só o 1995, mas gostei de tê-lo nas mãos... Saí, passei na universidade cumpri com todas as minhas obrigações e saí procurando livrarias a fora o MAM 2001. Fui pedindo informação aqui outra ali até chegar numa livraria linda e grande... Não achei lá a seção de lingüística... Nada é perfeito... mas tinha uma a cara da Maria Antônia, da Stella, da Carla... Não tinha o livro mais importante da AD!!! Mas a moça encomendou pra mim... semana que vem eu volto pra buscar... Caro!!! Beth do céu... !
Voltei pra casa pra preparar alguma coisa pra comer... Todas as carnes estavam podres... Só de escrever o cheiro volta... carnes... peixe... tudo estragado... além da minha incompetência revelada da forma mais fétida... Acho no fundo que houve alguma coisa... Tudo estragar junto...
Não consegui comer direito com todo aquele cheiro... um cheiro que ardia meu olho e meus brios... Tudo no lixo... (outro erro)...PORRA!
Saí de casa com aquele cheiro nas mãos... no cabelo, em mim... Sexta é dia de falar lá em casa é dia de falar com o Helder. Encontrei pai, mãe, Carla... É bom vê-los, falar... Vi Horácio, mas dessa vez quem falou fui eu...
E aquele cheiro na minha mão, em mim... Quando o Helder chegou... eu já estava impaciente comigo mesma, com as carnes daqui, com a falta carnes de lá, com o cheiro de incompetência... Ahhhhh!!!! Falamos alguns minutos... sempre é taum pouco... Quando o moço disse que faltavam 5 minutos pra fechar...me despedi de todo mundo... fechei todas as janelas e fiquei gastando os cinco minutos na frente da tela vermelha do computador... pensando... Se alguém, qualquer um que tava online me dissesse volta pra casa agora! Eu, com toda a minha absolutice, obedecia... nem voltava na casa da Gema pra buscar minhas coisas... O que eu ia buscar lá... se nem o livro do MAM eu consegui comprar...
Todas as choradinhas de até então foram tragadas pelo tsunami da sexta das carnes podres... Subi a rua soluçando de tanto chorar... e nem aí pra quem tava nos bares...Quando fui entrar em casa tive que controlar o choro pra naum acordar ninguém à 12h. Deitei, fiquei toda encolhidinha pra me sentir em casa... na cama da mãe no sábado de manhã como a gente sempre fazia... eu, jef, Carla, pai e mãe... todo mundo na cama... Agora a gente naum fica mais na cama da mamãe... As coisas mudam... A gente quer outras camas... Mas a idéia da cama da mãe no sábado vai ficar como a mais doce lembrança de família que vou um dia contar pro(s) meu(s) filho(s).
Em posição fetal, dormi... E o choro... acabou que me lavou e levou aquele cheiro de mim...

Nenhum comentário: