quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A chapeuzinho vermelho



Trigésimo dia 20 de outubro de 2008.

Hoje a gente tinha que enviar a nossa tarefa de casa pra Grobet. Ela pediu pra gente fazer um texto argumentativo defendendo ou refutando o uso de cigarros nos bares e cafés. Claro que eu defendi o meu direito de ir para um bar com alguém que fume e que essa pessoa não precise parar o papo no meio para ir dar uma fumadinha lá fora... É como a Beth diz que o lindo da UFMG disse... Precisamos ser mais tolerantes... (essa frase cabe em tantos lugares, meu deus!!!) Eu não abro mão do meu direito e da minha responsabilidade de ir para um bar de fumantes...
Queria usar o argumento do Guila, dos carros que soltam aquele gás escuro pelos canos de descarga... Gente!!! Os carros aqui além de naum fazerem barulho, não têm canos de descarga!!! Nossa Senhora das Mercedes! Bem que eu tinha percebido que não tinha aquela fumaçada...Mas só hoje observei os carros. A gente que se mate e se morra no terceiro mundo... Diante desses carros naum há argumento do Cláudio que convença.
A lenda que minha tia me contava quando fiquei menstruada pela primeira vez, aos 9 anos, vê se isso é coisa de criança, era que a gente naum podia interromper o fluxo de uma forma naum espontânea, tipo comendo três feijões crus no último dia útil antes da menstruação... Tinha outras lendas... que a gente naum podia lavar a cabeça nos dias... (essa eu achava até legal!!!) que a gente tinha que ficar de repouso... (essa eu adorava mais ainda), que a gente naum podia tomar leite e que naum podia transar nos dias... Eu sempre achei que era regra demais pras regras. Obedecia, pois tinha medo do feitiço virar contra o feiticeiro e as regras não encontrarem mais as exceções... Na verdade, as regras sempre tiveram a imagem da janela de BH, lá do Eldorado, em que os meninos e as meninas da rua ficavam brincando na rua e eu, mocinha, ficava em casa de molho... literalmente. Hoje quando já sinto por essas épocas meus ovos se movimentarem... é uma sensação taum engraçada... aquela certa tristeza da minha infância perdida aos nove 9, pois chapeuzinho que avermelha o lobo pode comer, me toma pela certeza de dores pelo corpo e daquela fisgada na cabeça bem em cima da sobrancelha esquerda que me acompanha desde de então...
Minha obstinação sempre foi buscar a razão das regras gramaticais ou naum... Se entendo a razão da regra, sigo. Se naum... Façam me entender!!! Sou estudiosa...
Imagina se minha tia tivesse aqui viva comigo... Ela ia ficar maluca de ver que a menstruação dos carros é interrompida de forma não espontânea e que também de forma naum espontânea o rio corre aqui... ele até ejacula... minha Frida Calo do céu!, de forma naum espontânea os carros e as gentes param diante dos sinais vermelhos.
Viu, tia, se eu quiser interrompo as regras! Se eu quiser eu posso adiar as regras! Se eu quiser eu até transo com as regras... desde que eu as entenda...
Sei que há um preço... E o daqui... é um ar puro, um ambiente sem sons enlouquecedores de carros e pessoas chatésimas que seguem todas as regras, aposto que sem entendê-las...
Mas bonito mesmo deve ser ver as regras darem lugar às exceções por noves meses, assim de forma espontânea...
Que bonito, a vida nasce na exceção.

Nenhum comentário: