quinta-feira, 9 de outubro de 2008

É muito fácil criticar o pobre!

Décimo sétimo dia 07 de outubro de 2008


Hoje fiz meu primeiro contato naum profissional ou para minha sobrevivência aqui, foi rapidinho, mas... Saímos da aula, que foi a maior loucura... a professora pediu pra nós, em grupos de três pessoas, que fizéssemos a descrição de uns personagens lá... meu grupo era um rapaz, novo... Ah! Naum me perguntem nomes... Tenho dificuldade de guardar em português imagina em outras línguas. Ele é italiano e o outro é uma graça... ele (o outro) naum tinha nem entendido o que a professora tinha pedido pra fazer... Sentamos os três e começamos o trabalho... Descrevemos, à medida que fomos nos entendendo, o homem, só pelo que víamos... seu cabelo, sua barba, sua roupa seu olho... essas coisas, um pouco em inglês um pouco em italiano e muito, muito pouco em francês. Eu e a gracinha do italiano, que morra em Lausanne e vem pra cá todo dia e estuda comunicação social, fizemos tudo... O nigeriano, fofo, que naum entendeu nada desde o início... e que estuda relações internacionais, ficou lá com aqueles dentões lindos brancos rindo pra gente... dizendo oui e balançando a cabeça... Depois os grupos se misturaram e veio uma japonesa, pro nosso grupo falar do mesmo personagem que descrevemos... Que interessante! A gente tem maneiras muito peculiares de abordar os objetos, o mundo... E isso pode ser pensado também sobre quem somos nós, de onde viemos... sem viagem... Lembrei do MAM... Só me permito viagens interpretativas a partir da concretude do texto, da enunciação... E a japonesa havia descrito o mesmo homem que a gente com hipóteses... Imagino que ele é russo,... Russo? Pq? Imagino que ele é professor? Pq? Ela naum me respondeu com muita certeza naum... E eu fiquei esperando pra entender a forma como ela se apossou do objeto homem pra descrever... Quase que eu disse... vai ali pega... um crepe de chocolate... Mas preferi servir pra ela... porque ela me ensinou que o diferente também me constitui... e ela deve ter achado uó nossa descrição do visto. Como diria meu mineiríssimo e cosmopolita Drummond – Ver o visto... É isto... Idem... Idem... Idem... Gostei mesmo foi do inglês que disse que o homem da japoensa naum tinha cara de professor coisa nenhuma, tinha cara mesmo era de playboy. Aí saímos e falamos de nós, que legal... sem ser pra pedir pra comer, pra dormir, pra andar... Só pelo prazer de se comunicar com o outro...
Dia de fazer contas... odeio contas...
Fui para a palestra do Leonardo Boff, aí que delícia... Ele pediu desculpas pelo francês miserável, mas que naum tinha nada de miserável... Eu entendi tudo... Ele foi de uma elegância, de uma fineza próprias de um brasileiro... O auditório estava lotado... muitas cabeças brancas... poucos jovens...
Quando ouvi o Lenardo Boff em Barbacena naum fui capaz de entender o que ele queria dizer com essa coisa de ecologia... De ecologia da libertação... parece que a ficha caiu... Apesar de achar tudo meio desconexo teoricamente...
Ele falou de Petrópolis (Jô do céu, me senti em casa) Mas pode deixar que eu naum saí pelada por aí naum... !!!) Ele falou com tanto carinho... Eu adoro Petrópolis... Adoro o Quitandinha, adoro casa do Jô com Nina ou sem Nina... Eu adoro os filmes do Jô, eu adoro os discos do Jô... Gosto de dançar com o Jô... E gosto do jeito que ele respira pra falar... E adoro que ele fica querendo acabar com a Nina...
Falou da amburguerização do mundo e foi aplaudido, falou de pobres. Fiquei pensando se as pessoas que estavam ali sentadas sabiam do que ele tava falando...? Falou do Lula e da proposta de libertação dele pela via política... que busca uma libertação histórica... E dos seus ministros e secretários, que muitos conhecem as comunidades de base porque trabalharam nelas, assim como a postura sindical do Lula... Ai que bonito!!! Apresentar esse Brasil pra eles!
E acho que eles naum sabiam mesmo do que ele falava... A primeira pergunta foi de uma suíça que falou numa rapidez que naum soube respeitar a naum proficiência do convidado... mas que perguntava o que os pobres do Brasil faziam em favor da Amazônia , num tom de “vc devia tá falando pra eles, naum pra nós, ricos de cá”... Ele começou com a maior calma do mundo a reposta...
- É muito fácil criticar o pobre!
E perguntou pra ela quem é que produz a desigualdade social, a pobreza... e mais mil coisas que fez com o auditório o aplaudisse de pé.
Ele terminou falando de posturas que poderíamos tomar pra viver essa verdade que ele tava professando... E disse num tom sacerdotal pra gente fazer uma opção por uma vida simples.
Como era tarde minha idéia era passar no MAC e fazer um lanche...
Hoje naum dá pra fazer...
Passei na mercearia dos sul-africanos da esquina de casa, comprei pão.
Fui pra casa cheia de Brasil!
Pena naum ter aqui com quem comungar...

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